terça-feira, 1 de dezembro de 2009

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7º EIV
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Estágio Interdisciplinar de Vivência - MG
EM ÁREAS DE ACAMPAMENTO/ASSENTAMENTO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR
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De 20 de janeiro a 11 de fevereiro de 2010
Montes Claros - MG

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O ESTÁGIO
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....O processo de desenvolvimento agropecuário mecanicista e capitalista, voltado aos interesses de uma burguesia agrária e de grandes multinacionais necessita que a aquisição, a construção do conhecimento e a formação dos futuros profissionais nas Universidades (brasileiras e de outros países da América Latina), se resumam à transposição de técnicas e teorias referenciadas em produções científicas de bases teóricas produtivistas e positivistas. Neste contexto, os estudantes tornam-se objetos de um processo educacional cujo objetivo é reproduzir os conceitos e práticas adquiridos em suas universidades, limitando-se às visões simplistas de compreensão da realidade, e pouco podendo agir para modificá-la.
....O Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV) é um mecanismo pedagógico importante para auxiliar a formação profissional e a tomada de consciência do estudante sobre a diversidade e a complexidade das condições sociais de vida e trabalho vigentes na sociedade, sobretudo, as do meio rural. Este modo de formação se insere num contexto amplo de relacionamento entre a Universidade e a sociedade, o qual vem se mostrando historicamente frágil, pontual e fragmentado. Desta maneira, o EIV propicia ao estudante universitário o contato com a realidade social do agricultor excluído do processo de produção capitalista, no intuito de romper com a divisão entre teoria e prática consagrada nos bancos universitários.
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PRINCÍPIOS
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....Esta experiência se pauta por três princípios fundamentais: a parceria, que se dá na relação do Movimento Estudantil e os Movimentos Sociais Populares que compõem a Via Campesina, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Movimento de Pequenos Agricultores; a interdisciplinaridade, que propicia o diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento, abrindo espaço para outros pontos de vista sobre determinados temas e problemáticas, além de exercitar a discussão e a reflexão coletiva; e a não intervenção, pois garante ao estudante dedicar-se apenas ao conhecimento da realidade dos agricultores para, compreendê-la e ao mesmo tempo oferecer elementos para problematizar sua formação profissional. A nossa proposta é construir um estágio que possua um caráter de mútuo intercâmbio político e profissional entre a Universidade e os Movimentos Sociais Populares do Campo que contribua para o avanço na construção de um novo modelo de sociedade.
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HISTÓRICO
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....Apartir dos anos 70, os Estudantes de Agronomia começaram a sentir a necessidade de desenvolver esforços para entender criticamente o modelo de desenvolvimento agropecuário que se estava implantando no país, buscando analisar suas conseqüências e, a partir daí atuar para melhorar a qualidade do ensino de Agronomia, aproximando-o mais da realidade, demandas e necessidades da maioria dos trabalhadores e produtores rurais, situados em condição marginal no contexto daquele modelo.
....Assim é que, ao longo da década seguinte, desdobraram-se preocupações com o ensino de Agronomia, com o perfil do profissional formado, com o currículo e conteúdo das disciplinas. Essas questões começaram a ganhar expressão, por exemplo, na luta pela regulamentação do uso de Agrotóxicos e pela implantação do Receituário Agronômico; na participação de profissionais e estudantes em associações e movimentos populares que reivindicavam a democratização do acesso a terra e maior atenção ao manejo e preservação dos recursos naturais; e, em especial, com a aprovação em 1984 do Currículo Mínimo, fruto de amplas e profundas discussões entre estudantes, profissionais e diversos segmentos da sociedade.
....Nesse contexto, surgiram, na Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB, alguns projetos pioneiros que buscavam aproximar o estudante universitário da realidade econômica, social, política e cultural do campo - os Estágios de Vivência.
....A primeira experiência de Estágio de Vivência foi realizada em final de 1988 e janeiro de 1989, em Dourados (MS), em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), agregando estudantes de agronomia da Superintendência Regional IV da FEAB (região Centro-Oeste). Após avaliações e debates, concretizou-se finalmente, em janeiro de 1992, o primeiro projeto em âmbito nacional, realizado em assentamentos rurais dos Estados de Santa Catarina e Paraná, sob coordenação do Núcleo de Trabalho Permanente sobre Movimentos Sociais (NTP/MS) da FEAB. A partir dessa experiência, evidenciou-se a necessidade de que o estágio assumisse um caráter interdisciplinar.
....Desde estão, os Estágios de Vivência se multiplicaram por todo o país. Assumiram caráter local ou regional, e, em sua maioria, interdisciplinar e sendo construídos não só pela FEAB, mas por várias outras Executivas e Federações de Curso, Diretórios Centrais dos Estudantes e Centros e Diretórios Acadêmicos. Teve sua importância reconhecida em várias universidades, chegando a ser institucionalizado em algumas, como é o caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde o Estágio de Vivência constitui uma disciplina dentro do currículo de Agronomia.
Muitos grupos de Extensão se formaram a partir da experiência dos Estágios de Vivência, desenvolvendo trabalhos de longo prazo em conjunto com os Assentamentos e Comunidades Rurais. Cabe ainda lembrar, finalmente, que a proposta do Estágio de Vivência da FEAB foi premiada pela UNESCO em 1992, como iniciativa de destaque da juventude Latino-americana.
No ano de 2003, a Executiva Nacional de Veterinária (ENEV) em conjunto com a FEAB, encaminharam ao INCRA um Plano Nacional de Formação (PNF), cujo objetivo é de fortalecer a base do Movimento Estudantil e formar uma geração de intelectuais e profissionais comprometidos com a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, com a luta por terra e com a transformação da estrutura fundiária e social brasileira. Para isso, O PNF visa promover seminários de formação política, seminários sobre reforma agrária e os EIVs.
....Em Minas Gerais, iniciamos a organização dos Estágios a partir do ano de 1996 quando a FEAB através UFLA, UFRRJ, UFV e UFES, especificamente através da Superintendência Regional III, organizam o 1o. Estágio de Vivência com Pequenos Produtores e com o MST no Estado do Espírito Santo, ainda restritos a estudantes de Agronomia. Nesta ocasião, Lavras e Viçosa enviaram 10 representantes, e como proposta final deste estágio, decidiu-se que cada Universidade deveria realizar seu estágio específico e interdisciplinar.
....A partir de 1997, Lavras e Viçosa cumprem com a proposta, realizando regionalmente seus estágios periodicamente entre os anos de 1997 a 2003, ora com apoio das Universidades, Sindicatos, alternando experiências de vivências em outras regionais de Minas Gerais, como o Triângulo Mineiro, Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Noroeste de Minas, Grande BH, vivências com Movimentos Sindicais, participação de significativo número de estudantes de outros estados e outros países, etc...
...Em 2001 realizamos um Seminário Regional Sudeste para discutir os Estágios de Vivências de Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro, que apontou para a necessidade de iniciarmos um processo de aproximação das experiências e organização de outros eventos complementares à formação profissional e o compromisso dos estudantes envolvidos, como as Semanas e Seminários da Reforma Agrária e os Cursos de Economia Política e Agricultura.
....Em meados de 2003 inicia então as discussões sobre a realização de um Estágio de vivência Estadual, que unificasse as experiências de Viçosa e Lavras e que fosse capaz de envolver mais universidades nesse processo ampliando o número de estudantes. Foi realizada toda a preparação e nos meses de janeiro e fevereiro de 2004 foi realizado o 1º Estágio Interdisciplinar de Vivência de Minas Gerais, com a participação de aproximadamente 60 estudantes, 10 universidades e mais de 15 cursos. Além disso, o Estágio contou com estudantes da Argentina, Uruguai, Colômbia e Paraguai. Teve abrangência em quase todo o território estadual: Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Norte de Minas, Grande Belo Horizonte, Sul de Minas e Triângulo Mineiro. O estágio obteve valorosos frutos e possibilitou que muitos estudantes refletissem sobre qual o papel da Universidade e dos futuros profissionais perante a realidade social do país.
....Pelo sucesso dessa iniciativa, no ano de 2005, a experiência teve continuidade com a inserção de outras entidades estudantis no processo de construção. Novas parcerias foram estabelecidas. O estágio contou com a participação de 150 estudantes, entre estagiários e coordenadores, ampliando o para 27 universidades representadas, tanto a nível estadual, como a nível nacional e contando com a participação de estudantes de 36 cursos diferentes. Além disso, 20 estudantes estrangeiros oriundos de 8 países (Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, México, Peru, Uruguai e Venezuela).
....No ano de 2006, em decorrência da greve nas Universidades Públicas, o Estágio teve algumas dificuldades, especialmente na questão estrutural e de participação, mas nada que o inviabilizasse. Foram 115 pessoas envolvidas, entre estagiários e coordenadores. O estágio de 2006, considerado como um dos mais importantes na história do Movimento Estudantil mineiro,trouxe afirmação ao projeto (Estágio Interdisciplinar de Vivência), mostrando que este se encontra consolidado enquanto instrumento de transformação social. Dessa forma, podemos dizer que em muitas Universidades o movimento estudantil está fazendo hoje o debate sobre a questão agrária brasileira se comprometendo com a reforma agrária, com a luta pela mudança das estruturas universitárias e se engajando na luta por uma sociedade justa e radicalmente democrática.
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OBJETIVOS
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Geral:
....Aproximar o estudante universitário da realidade sócio-econômica, política e cultural brasileira, com atenção especial às camadas sociais carentes e marginalizadas, promovendo uma maior aproximação com as reais demandas dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária, comunidades rurais de pequenos agricultores familiares e populações tradicionais (Quilombolas). Contribuindo assim, para a formação de um profissional diferenciado, comprometido com a transformação da sociedade, capaz de entender e intervir de acordo com a dinamicidade dos processos sociais em curso, e de um ser humano consciente do papel histórico das organizações populares, e dele próprio enquanto agente desta transformação.

Específicos:
· Propiciar aos estudantes, ligados às diferentes áreas do conhecimento, a vivência global da realidade social, política, econômica e cultural de um assentamento ou acampamento de reforma agrária e, ao mesmo tempo, orientar sua observação para as condições coletivas de vida e trabalho;
· Confrontar a formação recebida na universidade ao cotidiano e às necessidades da sociedade, buscando detectar as deficiências e as dimensões a serem desenvolvidas;
· Contribuir para o processo de repensar o papel da universidade em sua relação com a sociedade.
· Questionar e confrontar o conhecimento produzido pela universidade ao conhecimento milenarmente acumulado pelos camponeses, buscando novos paradigmas epistemológicos;
· Compreender o que representa as experiências dos Movimentos Sociais Populares do campo para o Brasil;
· Estabelecer uma relação estudante-sociedade que culmine no desenvolvimento de trabalhos conjuntos de longo prazo, como Grupos de Extensão, trabalhos de pesquisa etc.;
· Acompanhar as atividades desenvolvidas nas comunidades rurais de pequenos agricultores familiares,populações tradicionais (Quilombolas)e em assentamentos e acampamentos de reforma agrária procurando entender a dinâmica do processo organizativo e o seu funcionamento;
· Promover um intercâmbio político entre as organizações dos estudantes (União Nacional e Estadual dos Estudantes, Executivas de Curso, Diretórios Centrais e Centros e Diretórios Acadêmicos), os Movimentos Sociais Populares do Campo e a Universidade;
· Estabelecer parcerias com Movimentos Sociais Populares do Campo e mediadores ou instituições vinculados a eles (Cáritas, Sinter, STRs, Incra,CAA, Ação Cidadania, ...), estimulando o planejamento coletivo de atividades.
· Buscar através de uma práxis social e política vivenciadas nas diferentes fases do estágio, metodologias que primem pela construção de um trabalho e de uma organização coletiva;
· Acompanhar o trabalho de assistência ou assessoria técnica desenvolvida nos assentamentos e comunidades rurais;
· Aprofundar a discussão de modelo de desenvolvimento e matriz tecnológica implementada no campo;
· Acompanhar e contribuir na sistematização de experiências práticas e alternativas tecnológicas desenvolvidas no campo;
· Avaliar conjuntamente as experiências individuais adquiridas durante o estágio;
· Produzir uma cartilha sobre Estágios Interdisciplinares de Vivência com vistas à socialização do processo de organização de EIVs em outros estados brasileiros ou países;
· Transformar em saber científico o acúmulo político, teórico/prático e pedagógico propiciado pelas atividades desenvolvidas na organização/execução do IV EIV-MG.

4 comentários:

  1. Iniciativa maravilhosa! Temos que formar cidadãos criticos. Gustavo

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá, não consigo mandar e-mail para o viieivmg@yahoo.com.br ... Preciso entrar em contato, gostaria de ter informações sobre o estágio. Obrigada, Luara Colpa (lulucolpa@hotmail.com)

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  4. Bom dia a todos,
    Como faço para implementar o Estágio Interdiscplinar de Vivência no Instituto Federal, quais os procedimentos de implementação...
    email de resposta: alex.silva@ifsuldeminas.edu.br

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